sábado, 7 de agosto de 2010

Oração de um órfão


Oração de um órfão

Autor: desconhecido (estou procurando)



Papai Noel, você que não se atrasa
Na visita anual que faz à Terra
Vê se faz voltar à minha casa
O meu papai que foi brigar na guerra



Vê se você, que pode mais que a gente
E que tem uma força sem igual
Me pode dar agora esse presente
Nessa noite milagrosa do Natal


Ele partiu numa noite estranha
Que da lembrança nunca mais me sai
Disse que ia brigar na Alemanha
E desde então, não vejo mais o meu papai


Ele escrevia sempre
Mamãe lia suas cartas baixinho e devagar
“Eu voltarei em breve” dizia
“A guerra está prestes a acabar”


Depois passaram meses e muitos dias
Notícia alguma de meu papai não veio
E mamãe, na maior das agonias
Esperava a mensagem do correio


Nada vinha, o silêncio era completo
E a razão até agora eu não sei bem
Mamãe passou a se vestir de preto
E nunca mais sorriu para ninguém


Até que enfim, com a última batalha
Só de lembrar o coração me dói
O correio nos trouxe uma medalha
Com as cinco letras da palavra "H-e-r-ó-i"



Eu que tenho o coração feito em brasa
Nessa noite em que pedir-te venho
Todos tem o seu papai dentro de casa
Só eu, Papai Noel, é que não tenho


Por que Papai Noel
Essas coisas que na alma me corrói
Se os heróis não voltam para casa
Será que vale a pena ser herói?


Papai Noel meu santo e bom paizinho
Meu coração te pede sem revolta
Eu sei que você vai dar um jeitinho
E mandar o meu papai de volta



E a pobre criança dormiu abraçada com um retrato
O seu sono manso, plácido e infantil
E encontrou de manhã em seu sapato
Uma enorme bandeira do Brasil


4 comentários:

  1. Recitei essa poesia aos 8 anos de idade na 1a Igreja Presbiteriana Independente de Osasco - IPI.

    Claro que foi no Natal.

    E é claro que eu pensava que a criança fazia a oração pro Papai Noel, logo, fazia meu julgamento, minha justiça própria: tadinho....pena que ele não está pedindo pra Deus...


    Hoje, eu sei que a ÚNICA oração que Deus ouve é a sincera.

    Um beijo aos pais que amam.

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  2. Também recitei essa poesia no natal em família aqui em casa.

    E como a Giovana eu era novinha, cerca de 6 para 7 anos.

    Lembro que todos choravam comovidos com a triste história do menino.

    Nossa, que época boa, os tempos eram outros.

    O autor é Orlando Cavalcanti :)

    Parabéns por trazer de volta bons poemas, e com eles boas recordações.

    Atenciosamente

    Laura Biondi

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  3. declamei este poema para meu filho numa noite de 28 de janeiro de 2012, quando minha primeira neta Laura tinha apenas 1 dia de vida, porem,declamo este poema desde 1957 em diversos locais na cidade de Passos - MG.

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  4. Esta oração está no mesmo compacto duplo onde Luis Gustavo canta O RANCHO DAS FLORES. E tem mais duas poesias no lado B do disco. Dia das mães e Dia dos pais. Uma delas declamada pelo saudoso Paulo granindo.

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